Villamur – depoimento


Eu me lembro, quando vocês chegaram, se não me engano de Echaporã, vieram morar na última casa do cortiço; porém, depois de um tempo, se mudaram para frente da minha casa, deixando a casa do cortiço para os novos inquilinos que eram Deca, Durval, Agenor e Maria soares. Eu era moleque, junto com nossos amigos Edson e Ditinho, filhos do seu Ranulfo, e me lembro dos seus irmãos Irineu, Getúlio, Leo, Luzia, Adenolia, Juquinha, Catarina e Edson; depois, nasceram Jair, Márcia, Diógenes, Marilda e Marizinha, era uma grande família… Também lembro quando você ajudava, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, os padres em suas missas, e quando tinham as procissões nós íamos e rodávamos a Vila Sinhá; quando voltávamos para a igreja, tinham aqueles festas com rojão e foguete, você foi o único que subiu no pau de sebo – seu pai, meu pai, seu Ranulfo e o Durval seguravam um de cada lado um lençol e você jogava todos os saquinhos de brindes (com doces, vinhos e dinheiro…) que ficavam pendurados na árvore e depois se formava uma grande festa comemorativa familiar, era leve e não tinha nenhuma confusão, chegavam até mesmo pessoas desconhecidas de outros lugares para se divertir. Nessa época, já tinha a minha afeição e amor pela música; porém, sempre fui tímido e tinha vergonha que as pessoas soubessem que eu criava minhas canções e que cantava, tanto que eu escondia minhas composições lá nos matos da chácara de dona Suzana; então, eu ia para loja de discos do Crodo, com Edson, Roberta Miranda e todos que gostavam de ouvir música, e ficávamos todos na esperança de uma gravadora passar e assim tentarmos mostrar os nossos talentos.
E você era o cara! Era inteligente como ninguém, estudava no colégio Dom Pedro, junto do Antônio Marcos; vocês se tornaram grandes amigos, e você acabou até se tornando empresário dele. Lembro que a primeira vez que eu e Edson tivemos a oportunidade de tocar um violão foi graças ao Antônio Marcos, que tinha um, Edson aprendeu tanto que se tornou membro de um grupo de música que acabei criando no decorrer dos anos: “O laboratório”. Eram bons tempos!

Sobre mim:
Meu nome é Dorival Alves de Oliveira. Tenho experiência e cursos em áreas divergentes que completaram meu aprendizado. Sem contar que meu caminho na arte, especificamente como cantor, compositor e tocador de violão, me  ajudou com a criatividade,vergonha e produtividade.