Meu nome é Emanuela Kellen Gomes, sou conhecida como Manu. Tenho 45 anos, fui enfermeira por 16 anos, atuando três anos em resgate móvel de UTI e outros 13 em clínica médica. Atualmente, sou pós graduada em Gestão e Supervisão Escolar.
Minha história começa em 1998. Eu, com 21 anos, fã e apaixonada pelo Toquinho desde os 5 anos de idade. Encantada ao ver meu tio tocar as músicas dele no violão. Anunciado o show do Toquinho e do Paulinho da Viola no Memorial da América Latina pela rádio Musical FM, eu, de ingresso na mão e decidida a entrar no camarim e conseguir um autógrafo no meu CD Toquinho 30 anos de Música, parti e fui à luta. Seria naquele dia! Predestinada a conhecer meu ídolo amado!
Cheguei cedo. Logo na passagem de som, por volta das 17 horas. Procurei onde ficavam uns homens de terno preto, fortes e altos. Ali, com certeza, era o camarim. Hahaha, bingo! Falei boa tarde e o homem, muito sério, já me olhou desconfiado. Falei que gostaria de visitar o camarim do Toquinho porque era muito fã e queria um autógrafo dele no meu CD. O segurança nem detalhou muito, apenas falou que não iria me deixar entrar. Eu sabia que era ali. Sentia meu ídolo bem pertinho. Quase que podia ouvir sua voz. Entre argumentos, indignações, desentendimentos, surgiu então um senhor de terno, sorrindo, que me olhava e me estudava atento, pelos meus argumentos e pela minha exaltação. Falou para o segurança para deixar-me passar pelo pequeno portão e me perguntou se eu era jornalista, porque tinha bons argumentos. Hahaha. Eu, meio desconfiada, disse para ele que era apenas fã incondicional do Toquinho e gostaria de vê-lo. (Olha a arrogância da moça!) Tratava-se do meu querido amigo Genildo Fonseca, que me abriria não só a porta para conhecer o meu amado ídolo, mas uma mágica realidade dos bastidores da música e da MPB, que eu tanto amava. O Gegê me levou para conhecer o Toquinho. Tremi por minutos, fiquei sem fala; mas consegui o meu autógrafo e uma foto linda. Meio sem acreditar no que estava acontecendo, o Toquinho me deu outro ingresso para que eu voltasse no segundo dia de apresentações. Assisti à passagem de som, fiquei pelas coxias do palco. Não acreditava no que estava vivenciando naquele momento. Era mágico! Não queria acordar! Contei pro Gegê e para o Toquinho sobre o violão que eu tocava, sobre as fotos que eu tinha, sobre os CDs, LPs, sobre as coisas maravilhosas que eu conhecia de Toquinho & Vinícius, com tão pouca idade.
Depois de tantas emoções vividas com meu ídolo naquele dia, o Gegê me perguntou o que eu fazia. No que trabalhava. Eu havia saído do Resgate Móvel e estava a procura de outro trabalho. O Gegê então me convidou para trabalhar no escritório, pois eu tinha um material bastante importante como fotos, CDs, LPs do Toquinho, e podia ficar responsável pelo setor de fãs. Eu amei o convite! Ali, se iniciava a minha maior experiência de vida com a música e com os bons músicos. O Genildo me apresentou a equipe da produção, que era Fred Rossi Produções e, logo em seguida. eu vi nascer a Circuito Musical – na rua Augusta. Marilu, sua esposa, Rodrigo, Alexandre, Rafael pequenino ainda… seus familiares que faziam acontecer o mundo mágico dos shows. Tantos outros… conheci a banda: Ivâni Sabino. Pepa D’Elia, Vanda Breder, e tantos outros queridos que até hoje me lembro. O Gê me ensinou e me mostrou como se fazia o show acontecer. Recepcionei diversos fãs para os shows. Conheci diversas casas de shows importantes e estive com grandes ídolos que eu tanto admirava. Vivi momentos mágicos e únicos, como estar por quase meia hora vendo Baden Powell tocar dentro do camarim. Inesquecível! A alegria do Miele. As gargalhadas da Miúcha. Os encantos de Carlinhos Lyra. A sensibilidade de Emílio Santiago, e tantos outros que conheci.
Meu amigo Genildo não faz ideia da alegria que foi voltar no tempo e relembrar histórias que estavam guardadas há 25 anos. Quantas coisas lindas! Que pena que a distância e as circunstâncias não nos permitem mais vivenciar tudo isso. Muitos já se foram e fica conosco o momento. Fecho os olhos e me lembro de cada momento vivido. Cada som, cada cor, cada cheiro, cada palavra trocada. Que pena que o Brasil não cultiva mais as canções poéticas de antigamente. Os encantos do romantismo, dos bons instrumentos tocados. O espaço aqui não permite, mas tenho tantas histórias, tantas lembranças boas, tantos causos legais… hahaha. Talvez numa próxima vez. Tomara que possamos trocar isso sempre. O Toquinho continua sendo o grande ídolo, mestre, amor! E você, naquela tarde, no meio dos argumentos com o segurança, me permitiu vivenciar todas essas coisas. MUITO OBRIGADA! A amizade cria laços que vão germinando e nunca morrem. Juro que rego nossa amizade sempre, para que ela nunca se apague. GRATIDÃO ETERNA, AMIGO.
Forte abraço da MANU.